sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um guerreiro deixa o nosso meio


Hoje escolhi homenagear uma das figuras mais lutadoras que conheci na vida: meu primeiro querido, Henderson Guedes Vieira, filho da minha prima Maria Lúcia Guedes Monteiro, outra guerreira que merece loas na luta pela vida do filho, e do meu amigo João Edmar Vieira. Desde o nascimento, há 30 anos, Henderson precisou fazer hemodiálise, por possuir insuficiência renal crônica. Isso obrigou os pais a fazerem viagens constantes para São Paulo, pois, à época, em Rio Branco, capital do Acre, não havia tratamento adequado. Até que decidiram fixar moradia na capital paulista para cuidar do filho. Não conheço mãe mais dedicada e que tenha se entregado à luta pela vida do filho quanto Maria Lúcia. O sofrimento não a abatia. Muito menos abatia Henderson, que lutava desesperadamente pela sobrevivência. Amigo, atencioso, solidário, ele jamais me permitia passar por São Paulo sem que lá fosse. Rodava as ruas da cidade comigo, fazíamos compras, dividia o quarto dele comigo, o computador, a rede de Internet, o que fosse preciso. Mais que essa solidariedade, meu primo querido ficará na minha lembrança como um guerreiro, um lutador. Com todas as dificuldades, aproveitou a vida o máximo que pôde, dentro das limitações que a doença o impingia. Passou por três transplantes de rim, inclusive, um deles doado pela mãe. Não conseguiu a cura. Recentemente, esteve em Sena Madureira, cidade natal da mãe, e foi obrigado a enfrentar o apagão de energia do final do ano de 2011. Por não poder fazer o tratamento e pelos problemas enfrentados com a falta de energia, confidenciou a mim, por intermédio do Facebook, quando soube que eu iria passar as férias, em janeiro e fevereiro deste ano, que “nunca mais voltaria ali naquela cidade”. Foi profético! Hoje ele deixou o nosso meio, em São Paulo. Que descanse em paz e receba essa homenagem com o carinho de quem reconhece o tamanho do teu valor como ser humano. Henderson, parceiro de muitas horas em São Paulo, você marcou na sua passagem pela Terra.

5 comentários:

  1. Trabalhei como enfermeira na unidade de hemodiálise onde o Henderson fazia seu tratamento aqui em SP. E para todos nós tem sido muito difícil compreender esta perda. A toda família nossos sinceros sentimentos. Erika

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    1. Obrigada, Erika, pelo carinho que vc teve com meu filho todos esses anos. Vc foi muito especial para ele. Ele vivia dizendo que amava todos vocês... E era muito bem tratado.

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  2. Meu caro Gilson você me emocionou, cara; lágrimas esvairam-se, sinceramente!

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  3. quanto mais me deparo com depoimentos como esse, mas fico convencida que o ser humano precisa passar por provações desse porte para elevar o espírito dos que tem o privilegio de compartilhar sua dor. são pessoas como essa que fazem com que o ser humano evolua. É a marca que eles deixam neste mundo. um pouquinho deles em cada um dos que o acompanharam. belo texto, rica experiencia. obrigada como sempre.

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  4. Puxa, Gilson! Muito obrigada pela bela homenagem ao meu Dinho lindo. Eu costumo dizer que a força que eu tive para cuidar dele, vinha de Deus e do próprio Dinho. Deus te abençõe primo...

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