sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Eliza Samudio e Ulisses Guimarães não morreram


Alguém duvida da morte do ícone da política brasileira, Ulisses Guimarães, desaparecido em um acidente de helicóptero nas águas dos mares dos Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1992? No próximo dia 12 serão 20 anos de desparecimento, porque, de acordo com a justiça brasileira, se não há corpo, não a morte. É o mesmo caso de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, do Flamengo. Oras, não há vestígio do corpo dela, logo, não há “materialidade” do crime, portanto, não há morte. Ou seja, do ponto de vista legal, nem Eliza Samudio nem Ulisses Guimarães morreram. Alguém, em sã consciência, ainda consegue acreditar que os dois estejam vivos e tenha se escondido? Pois bem, todo esse preâmbulo em torno da morte de Samudio e Guimarães é para dizer que políticos desonestos e corruptos usam de expedientes semelhantes para se safar das condenações. O voto do ministro revisor do Supremo Tribunal Federal (STF), Enrique Ricardo Lewandowski, inocentou José Genoíno e José Dirceu, com base nessa lógica: crime existe, mas, se não há cadáver, não há morte. E foi mais longe ao condenar Delúbio Soares, “um reles tesoureiro”: se há um malfeito, que se atribua ao que menos poder tem. O Palácio do Planalto, na visão de Lewandowski, é a Casa Grande. Logo, os “malfeitos” só podem ter ocorrido (se ocorreram), na senzala. Lamentável que José Antonio Dias Toffoli e Enrique Ricardo Lewandowski cumpram hoje para o Partido dos Trabalhadores (PT) o mesmo papel que Gilmar Mendes cumpria no governo do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Sonho com um tempo em que a justiça brasileira, com cadáver ou não, deixe de se anacrônica e não se prenda apenas no princípio da “materialidade” do crime. O julgamento do Mensalão dá sinais de que a defesa de “bandeiras partidárias”, quaisquer que as sejam, perde força para o peso dos fatos.

Visite também o Blog de Educação do professor Gilson Monteiro e o Blog Gilson Monteiro Em Toques. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário