Datas festivas nem sempre indicam motivos de comemoração. Manaus
completa hoje 343 anos de “um sonho feliz de cidade”, que nasceu “Porto de
Lenha” e, segundo Zeca Torres e Aldísio Filgueiras, jamais será Liverpool. Uma
das provas vivas de que Manaus tem complexo de Paris ou de Liverpool foi a obra
denominada “Praia da Ponta Negra” que, no fundo, não passa de um balneário
mal-ajambrado para valorizar os apartamentos dos ricos que ali moram e “engambelar”
os pobres atraídos para lá aos domingos e feriados. Depois que a “Praia” foi
reaberta, 12 pessoas morreram e o poder público tem o discurso de uma nota só:
a prefeitura não é babá de bêbado! Chegar aos 343 anos com uma Prefeitura que
não assume sua responsabilidade institucional e cria obras de gosto duvidoso e
eficácia mais duvidosa ainda, não me parecem motivos para nenhum tipo de
comemoração. Ao contrário, hoje deveria ser uma data para fazermos uma reflexão
profunda sobre o que fazer e em quem votar no próximo domingo. Enquanto Vanessa
Grazziottin (PC do B), que talvez fosse o novo, esqueceu a história por ela
construída no Estado, aliou-se ao que há de mais nojento na política da cidade,
Artur Neto (PSDB), de novo não tem nada e representa, no fundo, talvez uma reação
da própria cidade aos erros cometidos historicamente nos últimos 20 anos. É
pouco para quem alcança os 343 anos. Indica, porém, um golpe de morte nos
caciques que se consideram donos do voto do povo. Dizer não ao absolutismo dos
que se consideram quase-deuses, esse sim, é o maior motivo de comemoração.
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